segunda-feira, 31 de outubro de 2011

AACF acompanhará Amanda Costa na Feira do Livro de Porto Alegre

Na próxima terça-feira (08), a AACF estará com Amanda Costa durante palestra sobre o livro 360 Graus - Inventário astrológico de Caio Fernando Abreu. Na ocasião será apresentado oficialmente o projeto de criação do SITE OFICIAL CAIO F.
O evento será transmitido ao vivo pelo twitter @associacaocaiof.
Fiquem ligados!

sábado, 29 de outubro de 2011

Caio traduzido

Crônica*

Tradutora Graciela Ferraris
Tradução que se preze tem que ser de alma. E quem lê as entrelinhas do Caio lá no país dos hermanos – a Argentina – atende por Graciela Ferraris, professora de letras na Universidade Nacional de Córdoba. Tradutora de literatura brasileira, já traduziu também Milton Hatoum e Vitor Ramil e a AACF foi lá, conhecer um pouco da vida da Graciela e encontrar o CaioF na vida dela.

Tudo começou com alguém no Brasil, amigo de um professor na Argentina que resolveu partilhar (ou presentear-lhe) o Caio. Em apesar de ser muito difícil encontrar obras do escritor no país, este professor, “numa tarde divina de outubro”, como ela mesma conta, em 2004 encontrou um único exemplar em uma livraria e não deixou passar: Fragmentos. “Leia e se gostar, escolha um conto e apresente-o à turma” - era a dedicatória que acompanhava.

E para quem lê de cara Aqueles Dois, ainda que em outro idioma, não consegue não se apaixonar. “Fui seduzida pela sua forma de escrever, o cuidado com que trabalha, a sutileza e a poesia dos seus textos; (ele) é um apaixonado pela palavra e isso é evidente”, conta ela. A tradutora se reconhecia e também à sua geração nos contos de Caio, já que os dois países atravessaram momentos históricos e políticos parecidos. Assim veio e vontade de fazê-los chegar ao hispânicos.

Graciela acredita ser possível encontrar alguma coisa da literatura contemporânea argentina nos textos do Caio. Segundo ela, em algum momento, ele escreve que sua escrita tinha mais a ver com esse sujeito que está “à deriva” no conto de Horacio Quiroga, que com a literatura de autores brasileiros que achava mais distantes. “Talvez porque estariam em contextos muito diferentes”, conta.

Caio nasceu em Santiago, RS, fronteira com a Argentina; ouviu boleros e tangos E cruzou cidades argentinas para visitar os avós. Era de se esperar que entrasse em contato com a literatura do país. “Em alguns dos contos do Caio, seus personagens tomam nomes usados por Cortázar e são mencionados, como Persio, de Pela Noite (1982), que disse ter escolhido tal nome da novela Los Premios, de Julio Cortázar. Em outros casos, a temática se relaciona com a obra do argentino, como é em A gravata, em que o objeto toma vida própria e se aproxima do pulover azul cortazariano de No se culpe a nadie”, diz a tradutora.

Caio brincava com música, fazia experimentações linguísticas, referências e homenagens sutis a amigos. E essa via não foi e nem é, portanto, de mão única. Uma literatura “assim tão apaixonante”, nas palavras de Graciela, não tem como não conquistar qualquer leitor.

O problema é quando se chega ao ponto de sentir a necessidade de abrir um livro que desperte interesse desses que te dão muito mais do que se pode escrever na superfície. “Depois de uma leitura ‘caiofernandiana’ o leitor sente um enorme prazer em ter se dedicado a lê-lo. E ler Caio significa também começar a conhecer outros aspectos de um Brasil que no geral nos chega através de um estereótipo, que cai em certos clichês lamentáveis porque deixam de fora uma cultura diversamente rica, próxima à nossa e ao mesmo tempo distante, porque é desconhecida.”


Em Córdoba, cidade da tradutora, a leitura “caiofernandiana” alcançou primeiro as leituras e o público acadêmico, só então as editoras. Graciela conta que, na Faculdade de Língua da Universidade de Córdoba, os estudos sobre ele começaram em 2005, na graduação, sendo transferidos e restritos à pós-graduação em 2010. Além disso, segundo ela, uma estudante de Cultura e Literatura Comparada, da mesma faculdade, prepara uma tese sobre o Caio.

Tal cenário mostra que faz realmente pouco tempo que a obra do Caio passou a ter visibilidade na Argentina. As primeiras traduções foram as compilações Pequenas Epifanías, em 2009 e Frutillas mohosas, em 2010; a novela ¿Dónde andará Dulce Veiga?, em 2009 e algumas antologias que incluem textos do autor, a partir de 2008.

São esses os primeiros passos de Caio na Argentina, que, segundo Graciela, é um fato de importância, vez que retrata a leitura ganhando asas em seu país, não mais restringida seja por questões de idioma, ou pela dificuldade em conseguir livros. E que Caio atravesse continentes!
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Pesquisadora em Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia e Humanidades – UNC, Graciela ministra aulas de português na Faculdade de Línguas da UNC, e na Faculdade de Filosofia e Humanidades da UNC. É membro do PROPALE – Programa de Promoção e Fomento da Leitura, da Faculdade de Filosofia e Humanidades da UNC. Tradutora de literatura no Brasil (Milton Hatoum, Caio F. Abreu, Vitor Ramil).

*colaboração: Laura Papa e edição de Pree Leonel

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Musical Rock Zona Contaminada se apresenta no Theatro XVIII


O espetáculo tem texto de Caio Fernando Abreu, músicas de Cazuza e volta a cena cultural baiana neste final de semana

Release*

Cenas que chocam, músicas de Cazuza, coreografias, referências literárias e uma atmosfera de tragédia futurista são alguns dos elementos que compõem o espetáculo Zona Contaminada, montagem da Arte Sintonia Companhia de Teatro.

O musical retrata um mundo devastado por uma grande peste que teria contaminado seus habitantes, exceto as irmãs Beth (Denise Correia) e Carmem (Lívia França). Elas passam a viver refugiadas para não serem encontradas pelo Poder Central, que é uma espécie de tirania invisível e controladora da vida dos habitantes - o que nos remete ao Grande Irmão, do livro 1984, de George Orwell.

Sua voz é Nostradamus Pereira (Gilson Garcia), personagem de aspecto grotesco e extravagante que faz intervenções inesperadas durante o espetáculo dando informes do Poder. A forma como Nostradamus atua parece fazer uma crítica metafórica ao sensacionalismo de alguns veículos de comunicação da atualidade e se revela como um dos elementos que dão bastante dinamismo à peça.

Em meio ao ambiente de catástrofe, reforçado por um cenário composto de pichações, TV’s quebradas, metais e caixões, desenvolvido por Hamilton Lima, Beth encontra um homem supostamente não contaminado, o Homem de Calmaritá (Leonardo Freitas), que lhe revela a existência de um lugar para além da zona contaminada. Símbolo de erotismo, força e virilidade, o Homem de Calmaritá protagoniza cenas que se destacam pela ousadia e capacidade de chocar o público, sem cair na vulgaridade.

Enquanto isso, Carmem se envolve com seu amigo imaginário, o Mister Nostálgio (Agamenon de Abreu), uma espécie de clown que, de forma lúdica, representa a personificação do que foi perdido com a grande contaminação, como romantismo, educação e amizade, e que a frágil personagem sente a falta. Mais uma vez um grande clássico da literatura internacional parece ter sido referência: Admirável Mundo Novo, livro de Aldous Huxley, que possui passagens onde alguns personagens passam a sentir falta de sentimentos que existiam em tempos remotos.

Mesmo sendo desenvolvida em um ambiente futurista, a peça consegue, por meio de suas metáforas, fazer contundentes críticas a perca de valores da sociedade em que vivemos hoje. Aspecto presente também na poesia das músicas de Cazuza, que são inseridas de forma intercalada com as cenas, interpretadas pelos atores, sob a direção musical de Paulinho de Oliveira, e aliadas às coreografias elaboradas por Sivaldo Tavares. À parte musical soma-se também a iluminação bem adequada por Elísio Lopes Jr. e os figurinos de Agamenon de Abreu e maquiagem dos atores feita por Roberto Lapllane, que renderam uma boa caracterização aos atores, ajudando a trazer o público para o mundo retratado pelo espetáculo.

Destaque – O espetáculo Zona Contaminada recebeu a indicação ao Prêmio Braskem de Teatro 2007 na categoria Melhor Atriz Coadjuvante para Lívia França e mais outras 5 indicações ao FIT – Festival Ipitanga de Teatro nas categorias melhor direção,  espetáculo, atriz, cenografia e iluminação, recebendo o prêmio de Melhor Atriz para Lívia França e Melhor Iluminação para Elísio Lopes Jr. 

SERVIÇO
Quando: 7 a 16 de outubro (Sexta, Sábado às 20h e Domingo 19h)
Onde: Theatro XVIII, Rua Frei Vicente, 18 – Pelourinho
Quanto: R$ 5,00

domingo, 2 de outubro de 2011

Coletivo de artistas lembra 15 anos da morte do escritor

O coletivo de artistas e técnicos em artes cênicas, Casa da Atriz, acaba de apresentar mais uma edição do projeto Leituras Dramáticas, nos dias 29 e 30 de setembro, em Belém. A missão do coletivo, dessa vez, foi a leitura do texto "Reunião de Família", uma adaptação teatral do escritor Caio Fernando Abreu para texto de Lya Luft.

A peça estreou no Clube da Cultura, em Porto Alegre, com direção de Luciano Alabarse. Aqui, ela é resultado de dois meses de estudo com o ator, diretor e dramaturgo Hudson Andrade, que contou ainda com o apoio do ator Leoci Medeiros, que faz a assistência de direção, do também escritor Carlos Correia Santos e da cantora Cacau Novais.

“Pareceu o momento ideal para trazer Caio ao público. Sou apaixonado por sua obra e desejava há muito compartilhá-la.” Justifica Hudson, coordenador da oficina e das leituras dramáticas da Casa da Atriz.

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