quarta-feira, 2 de novembro de 2011

AACF entrevista Fabiano de Souza

Todos nós somos um conjunto do que já vimos, ouvimos e sentimos, - uma coleção de referências. Com CaioF não foi diferente. Sua paixão pelo cinema transpareceu sutilmente pelas linhas de sua prosa. E alguém resolveu investigar: Fabiano de Souza, cineasta, assina o livro Caio Fernando Abreu e o Cinema: o eterno inquilino da sala escura. No livro, o cineasta e autor traça um panorama do repertório cinematográfico de Caio dentro de Morangos Mofados. 
Hoje foi o lançamento do livro e a AACF não perdeu a oportunidade: foi conversar com Fabiano. Confira!

AACF: Qual a sua relação com a obra do Caio?
FABIANO: Comecei a ler a obra do Caio, em 1991, justamente 20 anos atrás. Era um verão e eu tinha recém feito vestibular. Na estante da minha casa, encontrei o Morangos Mofados. Quando entrei na Publicidade, na FAMECOS, a professora de Semiótica, Eliana Antonini, pediu que a gente lesse Onde andará Dulce Veiga?. Dali, não parei mais. São vinte anos de convivência com a literatura, saboreando a linguagem, as tramas e a vontade de externar as dores do coração.

AACF: Como surgiu a ideia do livro?
FABIANO: Na hora de escolher um tema para o doutorado, andei por vários cantos - sempre pensando em analisar um diretor de cinema. Um dia me deu um estalo, eu poderia me debruçar sobre um escritor - e buscar as referências cinematográficas dele e, quem sabe, adaptá-lo para o cinema. Então, rapidamente pensei na obra de Caio - o trajeto pela sua literatura acabou sendo mais rico do que eu esperava; existe um repertório enorme de filmes citados e, aliado a isso, uma constelação estética preferida. Tudo isso me deu combustível para análise e para escrever um roteiro, que talvez um dia possa virar filme.

AACF: O que o leitor vai encontrar no livro?
FABIANO: O livro pretende apresentar uma multiplicidade de relações entre Caio Fernando Abreu e o cinema. A obra navega entre os filmes que fazem parte da "estante particular"  do escritor - suas preferências e particularidades -, passando pelas diversas formas com que a linguagem audiovisual contamina a sintaxe de Caio, chegando na investigação do significado que o ato de ver filmes tem para os seus personagens. Um segundo eixo é formado pela análise de filmes baseados na literatura de Caio Fernando Abreu, como Aqueles Dois, Onde Andará Dulce Veiga e Sargento Garcia. Sempre lembrando - como diz a penúltima frase do livro - : a relação entre Caio Fernando Abreu e o cinema está apenas começando.
"O encontro de Caio e Fabiano – meus dois amigos amantes de cinema - daria um filme. Ou uma tese de doutorado, que acabou virando este livro que você, provável leitor-amante-de-cinema, agora folheia. Brilhante, meticuloso,
profundo e abrangente, digno de seu autor. Folheie com cuidado, saboreie, sublinhe, aventure-se pelas notas de pé de página, leia e releia. É uma declaração de amor ao cinema através da obra de um amante de cinema. Que, não por acaso, nutria especial carinho por filmes de amor, acreditava em happy ends e adorava uma citação de outro amante do cinema, o genial Woody Allen em A Rosa Púrpura do Cairo.

'Encontrei o amor.
Ele não é real, mas, que se há de fazer?
A gente não pode ter tudo na vida...'
 
Amor é assim. Cinema também."
Marcos Breda sobre o livro.
Caio Fernando Abreu e o Cinema - O eterno inquilino da sala escura
Editora Sulina
R$ 37,0

Lançamento: Quarta-feira, (02/11) às 17h30min, na Sala dos Jacarandás no Memorial do Rio Grande do Sul, e em seguida às 19h30min no Pavilhão de Autógrafos da Feira do Livro de Porto Alegre.

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